Caso Clínico acompanhado no Hospital de pequenos animais das faculdades INTA.
Faculdades INTA Fonte: www.inta.edu.br |
Aluno:
Elwis Wictor Rodrigues Gonçalves
Professora
: Gissandra Farias Braz
Disciplina:
Patologia Clínica
Sobral
– CE
Introdução
A gastroenterite é uma é uma inflamação das mucosas do
estômago e intestinos, que impede a absorção correta dos alimentos e água.
É uma patologia canina de aparecimento súbito. Os sintomas
clínicos mais significantes deste tipo de gastroenterite são os vômitos e/ou a diarréia
contendo quantidades variáveis de sangue. A maior parte das gastroenterites
pouco complicadas é provocada pela ingestão de comida estragada ou contaminada,
sendo os cães mais afetados devido aos seus hábitos alimentares menos descriminados.
É provável um aumento acentuado nas permeabilidades vascular e mucosa. Vazam
plasma, hemácias e fluido para o interior do lúmen intestinal.
Freqüentemente, a causa real de
gastroenterite permanece desconhecida e a maior parte dos animais recebe tratamento
sintomático com o objetivo de reduzir os sinais clínicos que são incômodos para
os animais (por exemplo, vômito e diarréia), garantindo, assim, o
bem-estar do animal e a sua recuperação.
Algumas causas específicas de
gastroenterite incluem ingestão de corpos estranhos, toxinas, plantas, drogas
irritantes, parasitas intestinais, vírus (por exemplo, parvovírus) ou,
raramente, bactérias. Nesses casos, o diagnóstico pode ser feito através da
realização de testes específicos para essas doenças.
No caso da gastroenterite hemorrágica o
sangue nas fezes pode apresentar-se sob duas formas, sendo em natureza
(vermelho vivo) ou digerido (vermelho escuro a acastanhado).
O
objetivo deste trabalho é relatar as alterações clinicas e laboratoriais da
gastroenterite hemorrágica canina. Nesse caso clinico que será discutido o
diagnóstico presuntivo foi gastroenterite hemorrágica, tendo como suspeita de
causa principal a parvovirose.
Revisão de Literatura
As gastroenterites hemorrágicas caninas são comuns
em todas as regiões do Brasil. A Parvovirose Canina, ou Enterite Canina Viral,
uma das enfermidades infecto-contagiosas virais mais comuns e que acomete
principalmente cães jovens, por apresentarem baixa imunidade (GARCIA et al.,
2000).
O Parvovirus, é agente etiológico da doença, ele
pertence à família Parvoviridae, sua
subfamília é a Parvovirinae, sendo este um vírus de
tamanho pequeno, de 20 a 25nm.
Há duas variedades de parvovírus que infectam os cães,
o parvovírus do tipo 1 (CPV-1) e o parvovírus do tipo 2 (CPV-2). O parvovírus
do tipo 2, característico da população canina, contagia os animais através de
seus subtipos (CPV-2a, CPV-2b e CPV-2c).
Foi identificado
pela primeira vez no ano de 1967 nas
fezes de um canino, por pesquisadores do Cornell
Research Laboratory for Diseases of Dogs
. De acordo com estudos restropectivos, verificou-se que o CPV-2 surgiu na Europa
no início da década de 70, espalhando-se pelo mundo de forma muito rápida,
sendo que em 1979, identificou-se o primeiro caso de parvovírus canino no Brasil
(HAGIWARA et al., 1980).
A enfermidade pode ser observada em cães de qualquer
raça, idade e sexo (BRUNNER; SWANGO, 1985), mas acomete principalmente filhotes
com idade de seis semanas a seis meses de idade . Este vírus têm afinidade com os
receptores de células com alta taxa de replicação celular, ou seja, alta taxa
de mitose, o que explica a predileção por órgãos linfóides e epitélio
intestinal, em função da reposição constante de células nestes locais.
O parvovírus canino é um agente citocida, isto quer
dizer que atua causando a lise da célula
infectada . A sua transmissão ocorre através da via fecal-oral (SWANGO, 1997).
Os principais sinais clínicos vistos no animais são:
febre, vômitos, diarréia, rápida desidratação e alta mortalidade (STROTTMANN,
2008). A diarréia pode ocorrer de diferentes formas, pode vim com uma cor
amarela, traços de sangue ou até hemorragias.
Conforme as diarréias e os vômitos progridem, observa-se
uma perca líquida acentuada causando
assim desidratação do animal, e assim pode ocorrer também a presença de olhos
fundos e perda da elasticidade cutânea .
Verifica-se também hipertermia devido a infecção
causada pelo vírus ou ainda, por processos inflamatórios secundários causados
por bactérias.
Caso a gastroenterite atinja níveis mais graves, com
diarréia hemorrágica, o período de recuperação se torna prolongado, o que leva em média de 3 a 5 dias, sendo que
em alguns casos, pode ocorrer a morte em menos de 24 horas.
Para a prevenção da enfermidade recomenda-se o uso
de programas de vacinações. Para os cães acometidos pela parvovirose o
tratamento consiste na aplicação, através da via parenteral e/ou enteral, de
soluções isotônicas de sais minerais e glicose em associação com vitaminas e
antibióticos para prevenção ou combate de infecções bacterianas secundárias. O
exame solicitado pelo veterinário responsável foi o hemograma, para que assim
se pudesse observar como o animal estava reagindo a patologia.
A gastroenterite
aguda geralmente é diagnosticada por exclusão, baseada no relato do dono do
animal, se este ingeriu alguma substância irritante, um corpo estranho (por
exemplo, um brinquedo) ou medicação inapropriada, etc... . Em seguida o
médico veterinário irá realizar técnicas semiológicas para se ter um melhor
diagnóstico . Como por exemplo a realização da técnica do exame físico.
Se houver suspeita clínica de uma gastroenterite severa ou se existir alguma causa subjacente, é necessário fazer outros testes para determinar a causa. Estes podem incluir radiografia abdominal, ultrassonografia abdominal, hemograma e exame de fezes (para diagnóstico de parasitas intestinais ou doenças virais).
Se houver suspeita clínica de uma gastroenterite severa ou se existir alguma causa subjacente, é necessário fazer outros testes para determinar a causa. Estes podem incluir radiografia abdominal, ultrassonografia abdominal, hemograma e exame de fezes (para diagnóstico de parasitas intestinais ou doenças virais).
Materiais e Métodos
O animal foi atendido
no dia 30/09/2015 no hospital veterinário de pequenos animais o nome dado pelo
proprietário foi de Marronzinho e seu peso foi de 1,85 kg ,o médico veterinário
que o atendeu foi o Dr. Anderson de Paiva Brito.
Na anamnese o
proprietário relatou que seu animal tinha 2 meses de idade e este apresentava
fezes sanguinolentas, pouco apetite , apático e fraqueza .Logo após isso o médico veterinário
solicitou um hemograma do animal.
Depois da coleta de
sangue o animal foi então encaminhado para a sala de doenças infecciosas em que
lá recebeu tratamento à base de vitaminas ,glicose, antibiótico,
fluidoterapia e ranitidina por 3 dias.
O
tratamento constituiu-se na aplicação de 0,2 ml de Cerenia SC que é um antiemético desenvolvido exclusivamente
para o tratamento e prevenção do vômito em cães, foram também aplicados 0,1 ml de Trissulmax que é indicado no
tratamento das doenças infecciosas bacterianas, causadas por agentes
gram-positivos e gram-negativos, e 3 ml de bionew e ornitil ambos IV em que o
primeiro é um complexo de vitaminas do complexo B, nicotinamida,
frutose, aminoácidos, macro e microminerais. É indicado para grandes e pequenos
animais nos casos de esgotamento físico por excesso de exercícios ou produção,
em quadros de intoxicações, anorexia, inapetências, convalescenças, anemias e
stress.Foi utilizado também uma ampola de glicose.
Já o
Ornitil que é indicado como antitóxico, protetor hepático, coadjuvante
em intoxicações exógenas, em tratamentos hiperprotéicos, hiperamoniemia, em
intoxicações não infecciosas e nas perturbações funcionais hepáticas causadas
por alimentos deteriorados. Outro fármaco foi a Ranitidina 0,1 ml IM, pois este
é indicado
para: tratar úlcera no estômago, ou no duodeno. Este
tratamento foi realizado durante três dias consecutivos, ocorrendo, ao término,
a recuperação total do cão.
Resultado e
discussões
Logo
após ser feito o hemograma do animal se observou uma diminuição das proteínas
plasmáticas de 4 e a referência é de 6 – 8 essa diminuição pode indicar falhas
hepáticas, transtornos intestinais e renais, hemorragia, ou por deficiência na
alimentação. Já no eritrograma ocorreu uma diminuição nas hemácias,VG e
hemoglobina já o seu VCM estava normal com o valor de 70,1 e o seu CHCM também
se apresentava assim com o valor de 33,2 isso caracteriza uma anemia
normocítica normocrômica por perda de sangue aguda pois as hemácias foram
perdidas muito rápido.
A
anemia normocítica normocrômica ocorre na anemia arregenerativa e no inicio da
regenerativa , ela ocorre pela depressão seletiva da eritropoiese em doenças
crônicas como infecções, doença renal crônica, malignidades e certas desordens
endócrinas. Nestes casos, a resposta de reticulócitos está ausente ou
insignificante.
Os
esforços devem ser direcionados mais para o diagnóstico da doença primária do
que para o tratamento da anemia, uma vez que o uso de hematínicos está contra-indicado,
pois o tecido eritropoiético não pode fazer uso destas substâncias. Nas
observações de lâmina se observou anisocitose e policromasia discretas.
No
leucograma os leucócitos estavam normais com o valor de 13.230 e na leucometria
diferencial quase todos os dados estavam normais, com exceção dos monócitos,
neles foram observadas uma monocitose de 6482,7 (Absoluta) e os valores de
referência são 150 - 1350 , isso indica uma inflamação ou infecção aguda ou
crônica. Na observação de lâmina se observou a presença de monócitos ativados
que estes são observados em algumas doenças inflamatórias. Na contagem de
plaquetas os valores foram normais de 280000 e a referência é de 175000 –
500000.
Considerações Finais
Conclui-se que as enfermidades que causam
gastroenterite hemorrágica são de grande
freqüência na clínica de pequenos animais. Mas para que se tenha uma
confirmação da patologia é necessário se fazer mais exames específicos como
parasitológicos, sorológicos, entre outros.
Nesses casos se deve tratar essa patologia
corretamente, pois se ocorrer algum erro na interpretação de alguns exames e na
avaliação dos sintomas clínicos o animal
pode vim a óbito.
Desta forma, deve-se fazer uso de práticas de
conscientização para a população para que assim os proprietários façam uma
vacinação correta de seus animais evitando problemas futuros.
Anexos
Referências Bibliográficas
BRUNNER, C.J.; SWANGO, L.J. Canine parvovirus
infection: effects on the immune system and factors that predispose to severe
disease. Comp. Cont. Ed. Pract. Vet., v.12, 1985, p.
979-988.
GARCIA,
R.C.N.C. et al. Canine
parvovirus infection in puppies with gastroenteritis in Niterói, Rio de
Janeiro, Brazil from 1995 to 1997. Brazilian Journal of Veterinary Research
and Animal Science, v.37, n.2, 2000, p.56-68.
HAGIWARA, M.K.et al. Enterite
hemorrágica em cães associada à infecção por um
parvovírus. Arq. Inst. Biol. v.47. 1980,
p.47-49.
STROTTMANN, D.M. et al. Diagnóstico e
estudo sorológico da infecção pelo
parvovírus
canino em cães de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência
Rural,
v.38,
n.2, Mar/Abr 2008, p.400-405.
SWANGO,
L.J. Moléstias virais caninas. In:
ETTINGER, S.J. et al. (Ed.). Tratado de medicina interna
veterinária. 4 ed., São Paulo: Manole, 1997, Cap.69, p.573-588.
Sites
www.dicaspeludas.blogspot.com.br/2013/11/gastroenterite-em-caes-e-gatos.html
www.ufrgs.br/lacvet/livros/Analises_Clinicas_Vet.pdf
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