sábado, 31 de outubro de 2015

Caso Clínico - Hovet Pequenos Animais


Caso Clínico acompanhado no Hospital de pequenos animais das faculdades INTA. 






Faculdades INTA
Fonte: www.inta.edu.br








 Gastroenterite Hemorrágica em Cães



Aluno: Elwis Wictor Rodrigues Gonçalves
Professora : Gissandra Farias Braz
Disciplina: Patologia Clínica

Sobral – CE

Introdução
            A gastroenterite é uma é uma inflamação das mucosas do estômago e intestinos, que impede a absorção correta dos alimentos e água.
É uma patologia canina de aparecimento súbito. Os sintomas clínicos mais significantes deste tipo de gastroenterite são os vômitos e/ou a diarréia contendo quantidades variáveis de sangue.  A maior parte das gastroenterites pouco complicadas é provocada pela ingestão de comida estragada ou contaminada, sendo os cães mais afetados devido aos seus hábitos alimentares menos descriminados. É provável um aumento acentuado nas permeabilidades vascular e mucosa. Vazam plasma, hemácias e fluido para o interior do lúmen intestinal.
Freqüentemente, a causa real de gastroenterite permanece desconhecida e a maior parte dos animais recebe tratamento sintomático com o objetivo de reduzir os sinais clínicos que são incômodos para os animais (por exemplo, vômito e diarréia), garantindo, assim,  o bem-estar do animal e a sua recuperação.
Algumas causas específicas de gastroenterite incluem ingestão de corpos estranhos, toxinas, plantas, drogas irritantes, parasitas intestinais, vírus (por exemplo, parvovírus) ou, raramente, bactérias. Nesses casos, o diagnóstico pode ser feito através da realização de testes específicos para essas doenças.
No caso da gastroenterite hemorrágica o sangue nas fezes pode apresentar-se sob duas formas, sendo em natureza (vermelho vivo) ou digerido (vermelho escuro a acastanhado).
 O objetivo deste trabalho é relatar as alterações clinicas e laboratoriais da gastroenterite hemorrágica canina. Nesse caso clinico que será discutido o diagnóstico presuntivo foi gastroenterite hemorrágica, tendo como suspeita de causa principal a parvovirose.





Revisão de Literatura

As gastroenterites hemorrágicas caninas são comuns em todas as regiões do Brasil. A Parvovirose Canina, ou Enterite Canina Viral, uma das enfermidades infecto-contagiosas virais mais comuns e que acomete principalmente cães jovens, por apresentarem baixa imunidade (GARCIA et al., 2000).
O Parvovirus, é agente etiológico da doença, ele pertence à família Parvoviridae, sua  subfamília é  a Parvovirinae, sendo este um vírus de tamanho pequeno, de 20 a 25nm.
Há duas variedades de parvovírus que infectam os cães, o parvovírus do tipo 1 (CPV-1) e o parvovírus do tipo 2 (CPV-2). O parvovírus do tipo 2, característico da população canina, contagia os animais através de seus subtipos (CPV-2a, CPV-2b e CPV-2c).
 Foi identificado pela primeira vez no ano de  1967 nas fezes de um canino, por pesquisadores do Cornell Research Laboratory for Diseases of Dogs . De acordo com estudos restropectivos, verificou-se que o CPV-2 surgiu na Europa no início da década de 70, espalhando-se pelo mundo de forma muito rápida, sendo que em 1979, identificou-se o primeiro caso de parvovírus canino no Brasil (HAGIWARA et al., 1980).
A enfermidade pode ser observada em cães de qualquer raça, idade e sexo (BRUNNER; SWANGO, 1985), mas acomete principalmente filhotes com idade de seis semanas a seis meses de idade . Este vírus têm afinidade com os receptores de células com alta taxa de replicação celular, ou seja, alta taxa de mitose, o que explica a predileção por órgãos linfóides e epitélio intestinal, em função da reposição constante de células nestes locais.
O parvovírus canino é um agente citocida, isto quer dizer que atua  causando a lise da célula infectada . A sua transmissão ocorre através da via fecal-oral (SWANGO, 1997).

Os principais sinais clínicos vistos no animais são: febre, vômitos, diarréia, rápida desidratação e alta mortalidade (STROTTMANN, 2008). A diarréia pode ocorrer de diferentes formas, pode vim com uma cor amarela, traços de sangue ou até hemorragias.
Conforme as diarréias e os vômitos progridem, observa-se uma perca  líquida acentuada causando assim desidratação do animal, e assim pode ocorrer também a presença de olhos fundos e perda da elasticidade cutânea .

Verifica-se também hipertermia devido a infecção causada pelo vírus ou ainda, por processos inflamatórios secundários causados por bactérias.

Caso a gastroenterite atinja níveis mais graves, com diarréia hemorrágica, o período de recuperação se torna  prolongado,  o que leva em média de 3 a 5 dias, sendo que em alguns casos, pode ocorrer a morte em menos de 24 horas.
Para a prevenção da enfermidade recomenda-se o uso de programas de vacinações. Para os cães acometidos pela parvovirose o tratamento consiste na aplicação, através da via parenteral e/ou enteral, de soluções isotônicas de sais minerais e glicose em associação com vitaminas e antibióticos para prevenção ou combate de infecções bacterianas secundárias. O exame solicitado pelo veterinário responsável foi o hemograma, para que assim se pudesse observar como o animal estava reagindo a patologia. 
A gastroenterite aguda geralmente é diagnosticada por exclusão, baseada no relato do dono do animal, se este ingeriu alguma substância irritante, um corpo estranho (por exemplo, um brinquedo) ou medicação inapropriada, etc... .  Em seguida o médico veterinário irá realizar técnicas semiológicas para se ter um melhor diagnóstico . Como por exemplo a realização da técnica do  exame físico. 
           Se houver suspeita clínica de uma gastroenterite severa ou se existir alguma causa subjacente, é necessário fazer outros testes para determinar a causa. Estes podem incluir radiografia abdominal, ultrassonografia abdominal, hemograma e exame de fezes (para diagnóstico de parasitas intestinais ou doenças virais).


Materiais e Métodos
 O animal foi atendido no dia 30/09/2015 no hospital veterinário de pequenos animais o nome dado pelo proprietário foi de Marronzinho e seu peso foi de 1,85 kg ,o médico veterinário que o atendeu foi o Dr. Anderson de Paiva Brito.
Na anamnese o proprietário relatou que seu animal tinha 2 meses de idade e este apresentava fezes sanguinolentas, pouco apetite , apático e  fraqueza .Logo após isso o médico veterinário solicitou um hemograma do animal.
Depois da coleta de sangue o animal foi então encaminhado para a sala de doenças infecciosas em que lá recebeu tratamento à base de vitaminas ,glicose, antibiótico, fluidoterapia e ranitidina por 3 dias.
O tratamento constituiu-se na aplicação de 0,2 ml de Cerenia SC que é um antiemético desenvolvido exclusivamente para o tratamento e prevenção do vômito em cães, foram também  aplicados  0,1 ml de Trissulmax que é indicado no tratamento das doenças infecciosas bacterianas, causadas por agentes gram-positivos e gram-negativos, e 3 ml de bionew e ornitil ambos IV em que o primeiro  é um complexo de vitaminas do complexo B, nicotinamida, frutose, aminoácidos, macro e microminerais. É indicado para grandes e pequenos animais nos casos de esgotamento físico por excesso de exercícios ou produção, em quadros de intoxicações, anorexia, inapetências, convalescenças, anemias e stress.Foi utilizado também uma ampola de glicose.
 Já o Ornitil que é indicado como antitóxico, protetor hepático, coadjuvante em intoxicações exógenas, em tratamentos hiperprotéicos, hiperamoniemia, em intoxicações não infecciosas e nas perturbações funcionais hepáticas causadas por alimentos deteriorados. Outro fármaco foi a Ranitidina 0,1 ml IM, pois este é indicado para: tratar úlcera no estômago, ou no duodeno. Este tratamento foi realizado durante três dias consecutivos, ocorrendo, ao término, a recuperação total do cão.


Resultado e discussões
Logo após ser feito o hemograma do animal se observou uma diminuição das proteínas plasmáticas de 4 e a referência é de 6 – 8 essa diminuição pode indicar falhas hepáticas, transtornos intestinais e renais, hemorragia, ou por deficiência na alimentação. Já no eritrograma ocorreu uma diminuição nas hemácias,VG e hemoglobina já o seu VCM estava normal com o valor de 70,1 e o seu CHCM também se apresentava assim com o valor de 33,2 isso caracteriza uma anemia normocítica normocrômica por perda de sangue aguda pois as hemácias foram perdidas muito rápido.
A anemia normocítica normocrômica ocorre na anemia arregenerativa e no inicio da regenerativa , ela ocorre pela depressão seletiva da eritropoiese em doenças crônicas como infecções, doença renal crônica, malignidades e certas desordens endócrinas. Nestes casos, a resposta de reticulócitos está ausente ou insignificante.
Os esforços devem ser direcionados mais para o diagnóstico da doença primária do que para o tratamento da anemia, uma vez que o uso de hematínicos está contra-indicado, pois o tecido eritropoiético não pode fazer uso destas substâncias. Nas observações de lâmina se observou anisocitose e policromasia discretas.
No leucograma os leucócitos estavam normais com o valor de 13.230 e na leucometria diferencial quase todos os dados estavam normais, com exceção dos monócitos, neles foram observadas uma monocitose de 6482,7 (Absoluta) e os valores de referência são 150 - 1350 , isso indica uma inflamação ou infecção aguda ou crônica. Na observação de lâmina se observou a presença de monócitos ativados que estes são observados em algumas doenças inflamatórias. Na contagem de plaquetas os valores foram normais de 280000 e a referência é de 175000 – 500000.


Considerações Finais
Conclui-se que as enfermidades que causam gastroenterite hemorrágica são  de grande freqüência na clínica de pequenos animais. Mas para que se tenha uma confirmação da patologia é necessário se fazer mais exames específicos como parasitológicos, sorológicos, entre outros.
Nesses casos se deve tratar essa patologia corretamente, pois se ocorrer algum erro na interpretação de alguns exames e na avaliação dos sintomas clínicos  o animal pode vim a óbito.
Desta forma, deve-se fazer uso de práticas de conscientização para a população para que assim os proprietários façam uma vacinação correta de seus animais evitando problemas futuros.


 Anexos

 
Hemograma Canino deste Caso
               Fonte : Arquivo Pessoal. 2015 .












Referências Bibliográficas

BRUNNER, C.J.; SWANGO, L.J. Canine parvovirus infection: effects on the immune system and factors that predispose to severe disease. Comp. Cont. Ed. Pract. Vet., v.12, 1985, p. 979-988.

GARCIA, R.C.N.C. et al. Canine parvovirus infection in puppies with gastroenteritis in Niterói, Rio de Janeiro, Brazil from 1995 to 1997. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.37, n.2, 2000, p.56-68.

HAGIWARA, M.K.et al. Enterite hemorrágica em cães associada à infecção por um
parvovírus. Arq. Inst. Biol. v.47. 1980, p.47-49.

STROTTMANN, D.M. et al. Diagnóstico e estudo sorológico da infecção pelo
parvovírus canino em cães de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência
Rural, v.38, n.2, Mar/Abr 2008, p.400-405.

SWANGO, L.J. Moléstias virais caninas. In: ETTINGER, S.J. et al. (Ed.). Tratado de medicina interna veterinária. 4 ed., São Paulo: Manole, 1997, Cap.69, p.573-588.

Sites
www.dicaspeludas.blogspot.com.br/2013/11/gastroenterite-em-caes-e-gatos.html
www.ufrgs.br/lacvet/livros/Analises_Clinicas_Vet.pdf



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